A homilia
de ontem destacou três palavras que a própria liturgia nos leva a
refletir: a promessa de Deus, a condição para a realização dessa
promessa e a sua manifestação.
Hoje, gostaria de aprofundar com vocês a “condição”. A Palavra de
Deus diz que, por volta das nove horas da manhã, os apóstolos e outras
pessoas estavam reunidos com Maria, às portas fechadas. Eles estavam com
medo, pois Jesus já havia subido aos céus. Nesse tempo, os apóstolos já
tinham visto e presenciado a ressurreição e estavam à espera da
promessa. Em Joel lemos: “Derramarei sobre eles o meu Espírito”. Eles
estavam à espera da manifestação por causa da promessa, e entre a
promessa e a manifestação, há uma condição.
É nessa condição que vamos nos aprofundar hoje: o Cenáculo. Para que o
Espírito Santo seja derramado sobre nós, a condição é: “Quem tiver fome
e sede de Mim, venha a Mim e beba”. Essa é a condição. Ter essa fé
real, expectante; uma fé que espera e não duvida.
Não pare nas tristezas! Quem não sofre? Quem não sente tristeza?
Todos nós temos uma angústia. Para que nós não desfaleçamos, precisamos
ter uma fé real e expectante.
Palavra meditada está no Evangelho de São João 3
Um dos amigos de Jesus, que trilhou com Deus este caminho, é
Nicodemos, o qual teve fome e sede de Deus. Para que vamos ficar lidando
com misérias, se temos um banquete que nos espera?
Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo. Se alguém não nascer do alto, não poderá ver o Reino de Deus”.
Se nós não tivermos essa condição para receber a promessa, que é ‘fome e
sede de Deus’, nós não veremos o Seu Reino. Por isso, é preciso ter
disposição interior, necessidade e desejo; precisamos tomar uma decisão e
escolher Deus. Veja que essas palavras são completamente humanas:
necessidade, desejo, escolha e decisão. Primeiramente, o Senhor é uma
necessidade para nós. Depois, precisamos desejá-Lo, saciar a nossa sede
d’Ele. Para termos um constante Pentecostes, temos de nos decidir por
Deus.
Precisamos ter uma decisão radical em nossa vida. Que
cisão precisa acontecer na sua vida, hoje, para que você saia da “noite
da fé” em que se encontra? Nós somos templos de Deus, mas o pecado
também está em nós. Por isso, a conversão é com o primado da graça,
porque é Deus quem quer que nos convertamos. Mas para isso é preciso uma
decisão. É nessa decisão que precisamos fortalecer nossas escolhas,
pois se assim não for, a escolha que não fizemos será fortalecida. Se
permanecermos na escuridão da noite da fé, vamos buscar outras coisas
para nos saciar; por isso, precisamos nos decidir pelo Reino de Deus.
No Evangelho de São João, quando vemos a palavra “noite”, significa
que a fé ainda não foi iluminada. Nicodemos tinha fé, mas ainda não
sabia em quem. Você tem fé, porque ela um dom.
Às vezes, as pessoas chegam perto de mim e dizem: “Padre, reze por
mim, porque você tem mais fé do que eu”. Isso não é verdade. Deus deu
o dom da fé para todos. Não há ninguém que não a tenha. Até o ateu tem
fé! Mas a virtude da sua fé está ainda na “noite”. Jesus fez com
Nicodemos um percurso para que ele pudesse ser batizado no Espírito
Santo.
Se ficarmos na vida dupla, fortaleceremos a escolha que não fizemos. Se você fez uma escolha, fortaleça-a.
Que contratestemunho dão as pessoas que foram batizadas no Espírito
Santo, mas querer lutar pelo poder! Que escravidão! Enquanto lutarmos
pelos poderes deste mundo, não lutaremos pela pátria celeste.
Coordenadores de grupo de oração, exorcize de dentro de você o espírito
de divisão. Onde você colocou o Espírito Santo? Na “gaiola”?
Se quisermos ver o Reino dos Céus, não podemos ficar o comparando com
as coisas deste mundo. Tudo o que está aqui é passageiro. Quanto tempo
vamos gastar para assumir o essencial em nossa vida? Enquanto não
assumirmos o essencial, ficaremos com saudade da vida velha. Se não
assumirmos a necessidade de Deus, ficaremos apegados no querer, no
poder, naquilo que achamos, naquilo que dizem de nós. Mas o pior é ter
saudade da vida velha… Por que as escolhas não feitas se fortalecem em
nossa vida? Porque ainda não estamos com saudade de Deus, e os nossos
olhos não estão voltados para o céu.
A Palavra nos dá uma condição: “Se eu não nascer do Alto, não entrarei no Reino de Deus”.
O Reino do céu já é um escolha feita. Mas por não fortalecermos essa vontade, podemos perder a salvação.
“Seduzistes-me, Senhor, e eu me deixei seduzir”. Para isso é preciso
buscar constantemente a pureza dos atos e dos pensamentos. Como você
pode ir para um grupo de oração e depois querer ir para um barzinho? Se
você é uma pessoa cheia do Espírito Santo, você não vai precisar saciar a
sua sede com outra bebida, além da Água Viva. Nascer da Água do
Espírito é buscar a pureza. Como você pode ser uma pessoa cheia do
Espírito, mas ter um certo tipo de conversa que não constrói? Nascer da
água é querer ter a pureza de coração, dos pensamentos e do olhar.
Fuja da ocasião de impureza, para que você possa nascer da Água do
Espírito. O que você e eu precisamos nada mais é do o Espírito de Deus,
para não nos deixarmos levar pela mediocridade e correremos o risco de
perder a nossa salvação.
Pregação “Pentecostes: só é possível vivê-lo através da fé expectante e real”, de padre Anderson Marçal. (Fonte: Site da Canção Nova)
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